sexta-feira, 10 de maio de 2013

Das minhas idas e vindas no comboio.

Sim, o melhor é deixar o tempo passar. É um conselho valioso. Pensar de cabeça quente não ajuda. É necessário deixar arrefecer o bolo que ainda está no forno para o podermos comer a seguir certo? Porque não parar para seguir? Sim, é com certeza uma melhor ideia. É pena chegarmos a essa conclusão tarde de mais. Hoje cheguei a mais uma conclusão. Cheguei, ainda que tarde. Ou, talvez, não. Nunca é tarde, certo? O que interessa não é o quão longo é o percurso que percorremos, desde que lá cheguemos. Podemos demorar mais, mas com certeza que a aprendizagem para lá chegar dará um bom fruto. 

Hoje estou suficientemente introspectiva no meu mundo. São 2h da manhã e eu não tenho sono, estou envolta em pensamentos alegres. Não sei onde o futuro me leva, nem tenho expectativas elevadas. Mas tenho a música a entrar-me pelos ouvidos e isso é suficientemente bom para me deixar feliz. 

Hoje no comboio, por exemplo, analisei o comportamento de uma criança, de 5 anos, acompanhada dos seus pais, pessoas simples. Gosto de pessoas simples, gosto da humildade. Só quem realmente me conhece sabe disso. A simplicidade tende a trazer-nos tranquilidade ao nosso espírito. De que serve estarmos rodeados de bens se não formos felizes com eles? Mas voltando à criança, primeiro a mãe contou a história de que a criança em Ponte de Lima, ao ver uma fonte cheia de moedas, encheu-se de vontade de as ir buscar, mas que a mãe teve que lhe explicar que se as pessoas colocam as moedas nesse fonte é por alguma razão, por algum pedido. A criança justificava que não fazia sentido, que o dinheiro não devia de ser deitado à água. Tal mostra que uma criança de 5 anos já tem em mente o valor do dinheiro. No entanto, mais surpreendente que isso é o facto de repentinamente, ao empoleirar-se no braço do pai, a criança se ter lembrado de agradecer à mãe pelas calças novas que a mãe lhe tinha comprado. Pessoas aparentemente felizes, envoltas na sua simplicidade.

Fiquei surpreendida. Uma criança de 5 anos a agradecer à mãe um par de calças, nos dias que correm. Hoje em dias os pais tendem a oferecer tudo o que têm e o que não têm aos filhos. E esta criança que parecia bastante feliz, não agradecia pelo telemóvel oferecido, nem pelo último jogo saído no mercado, nem pelo computador... mas por um par de calças. Se todos os meninos e as meninas fossem assim, o mundo seria um lugar mais feliz. Porque para sermos felizes não é preciso alcançar este mundo e o outro. 

A simplicidade preenche-nos a alma. Por alguma razão, os sorrisos, os olhares, os abraços e o amor verdadeiro (seja entre os pais e os filhos, seja entre o homem e a mulher, seja entre amigos ou irmãos) não se compre na loja ali da esquina! 

Sem comentários :